Olá pessoal! Quanto tempo, não é mesmo?
Estou feliz por poder utilizar novamente o blog nas nossas aulas! Vocês também estão?
Nossa atividade de hoje é a seguinte:
1 – Leia a crônica “Uma surpresa para Daphne”;
2 – Responda às perguntas, formando um pequeno texto: Onde se passa a história? Qual o cenário? Que acontecimento do cotidiano a crônica narra? Como o cronista fez o desfecho, ou seja, como terminou, resolveu o problema/conflito exposto na história?
3 – Pesquisem sobre a vida do autor e escrevam aqui, o que acharem de mais interessante;
4 – Escolham uma outra crônica do autor, escrevam o seu nome aqui e digam o motivo de terem gostado dela.
Uma surpresa para Daphne
Luís Fernando Veríssimo
Daphne mal podia acreditar nos seus ouvidos. Ou no seu ouvido esquerdo, pois era neste que chegava a voz de Peter Vest-Pocket, através do fone.
– Daphne, você esta ai? Sou eu, Peter.
Quando finalmente conseguiu se refazer da surpresa, a pequena e vivaz Daphne – era assim que a legenda de sua foto como debutante no Tattler a descrevera, anos atrás – esforçou-se para controlar a sua voz.
– Você quer dizer o sujo, tratante, traidor, nojento desprovido de qualquer decência ou caráter, estúpido e deprezivel Peter Vest-Pocket?
– Esse mesmo. É bom saber que você ainda me ama.
– Seu, seu…
– Tente porco.
– Porco!
– Foi por isso que deixei você, Daphne. Você sempre faz o que eu mando. Era como viver com um perdigueiro. Agora acalme-se.
– Porco imundo!
– Está bem. Agora acalme-se. Pergunte por que é que estou telefonando para você depois de dois anos.
– Não me interessa. E foram dois anos, duas semanas e três dias.
– Eu preciso de você, Daphne.
– Peter…
– Preciso mesmo. Eu sei que fui um calhorda, mas não sou orgulhoso. Peço perdão.
– Oh! Peter. Não brinque comigo…
– Daphne você se lembra daquela semana em Teormina?
– Se me lembro.
– Do jasmineiro no pátio do hotel? Das azeitonas com vinho branco à tardinha no café da praça?
– Peter, eu estou começando a chorar.
– E daquela vez em que fomos nadar nus, ao luar, e veio um guarda muito sério pedir nossos documentos, e depois os três começamos a rir e o guarda acabou tirando a roupa também?
– Não. Isso eu não me lembro.
– Bom deve ter sido em outra ocasião. E a pensão em Rapallo, Daphne.
– A pensão! O velho do acordeão que só tocava Torna a Sorriento e Tea for two.
– E a festa de aniversário que nós entramos por engano e eu acabei fazendo a imitação do Maurice Chevalier com laringite.
– Ah, Peter…
– Lembra o pimentão recheado da signora Lumbago, na pensão?
– Posso sentir o gosto agora.
– Qual era mesmo o ingrediente secreto que ela usava, e que só nos revelou depois que nós ameaçamos contar para o marido do caso dela com o garçom?
– Era… Deixa ver. Era manjericão.
– Você tem certeza?
– Tenho. Ah, Peter… Não consigo ficar brava com você.
– Ótimo, Daphne. Precisamos nos ver. Tchau.
– Tchau? TCHAU?! Você disse que precisa de mim, Peter!
– Precisava. Eu estou fazendo aquele pimentão recheado para uma amiga e não me lembrava do ingrediente secreto. Você me ajudou muito, Daphne, e…
– Seu animal! Seu jumento insensível! Seu filho…
– Daphne, eu já pedi desculpas. Você quer que eu me humilhe?